“A justiça sustenta numa das mãos a balança que pesa o direito, e na outra, a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do direito” - Rudolf Von Ihering



sexta-feira, 5 de março de 2010

Prova Indiciária











O camelo extraviado

Um condutor de camelos perdeu seu camelo e, encontrando um homem, perguntou:

- Por acaso, o senhor não encontrou um camelo extraviado?

O homem respondeu:

- Não é um camelo cego do olho esquerdo?

- Sim.

- Que perdeu o dente de cima?

- Sim.

- Que mancava da perna esquerda traseira?

- Sim!

- Que carrega milho de um lado e mel do outro?

- Sim! O senhor não precisa apresentar mais detalhes. É exatamente o camelo que procuro. Estou com pressa. Onde o senhor viu?

- Eu não vi camelo nenhum – respondeu o homem.

- O senhor não viu? E como pode descrevê-lo tão detalhadamente?

- Por que sei me servir dos olhos para observar as coisas. A maioria das pessoas tem olhos que não lhes servem pra nada. Eu sabia que um camelo havia passado, porque vi seus rastros. Sabia que mancava da pata esquerda traseira pelas marcas diferentes deixadas no chão do lado esquerdo. Sabia que era cego de um olho, porque só pastou o capim do lado direito do caminho. Sabia que perdeu um dente de cima, porque deixou falha nas raízes que mordeu. Notei que as aves comiam os grãos de milho que foram caindo do lado esquerdo. Sei que o mel escorreu do lado direito, porque observei muitas moscas juntas desse lado. Sei sobre seu camelo, mas não o vi.

Por Mark Twain, pseudônimo de Samuel Langhorne Clemens, escritor, humorista e romancista norte-americano.

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