“A justiça sustenta numa das mãos a balança que pesa o direito, e na outra, a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do direito” - Rudolf Von Ihering



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Caem as máscaras

Segue artigo extraído do blog do jornalista Carlos Motta:

Todas as baixarias desta campanha eleitoral servem ao menos para uma coisa: explicitar de forma inequívoca o ódio de classes existente no Brasil.
Ele se manifesta com todas as letras nessas correntes de e-mail mentirosas e difamatórias que correm a internet; nesses panfletos imundos que são colados nas madrugadas em postes públicos; nas pregações aterrorizantes de religiosos fundamentalistas; nas conversas preconceituosas de burgueses ou classe-médias inconformados com a mobilidade social; nas frases cavilosas de políticos de baixíssimo clero; em artigos furtivos de jornalistas de resultados em jornalões e pasquins; nas atitudes arrogantes de uma elite que teme, apavorada, ver a gentalha tomar conta de aeroportos, hotéis, restaurantes, supermercados, cabeleireiros, shopping centers, rodovias, ruas bem pavimentadas de bairros chiques e agências bancárias, e, pasmem!, preferir empregos com carteira assinada ao velho e bom trabalho de empregadas domésticas.
O histerismo que toma conta dessa gente, com a defesa radical e irracional de um candidato que nada oferece ao seu eleitor a não ser uma biografia inventada e alguns slogans absolutamente vazios, e o ataque vil e infame contra sua adversária, é um sinal que algo mudou neste país.
Ver tanta gente que até outro dia permanecia completamente apática, como que vivendo sob o efeito de uma droga da felicidade que obscurecia todo o sentido da realidade, funciona como uma aula de história: como em outras vezes, em outros lugares, algo muito grave, muito profundo, uma revolução, talvez, está para acontecer.
E essa gente se engaja num salve-se-quem-puder mais que atônito, desesperado, deixando de lado todos os antigos pudores, todos os ritos de sua classe, todas as "boas maneiras" aprendidas nos melhores colégios que o dinheiro pode pagar, para exibir essa face horrível, essa boca cheia de dentes selvagens e capaz de proferir os mais torpes impropérios.
Sem as caras roupas de grife a cobrí-los, eles não são nada.

2 comentários:

Suziley disse...

Na política há muitas máscaras mesmo Nilton. Já fui PT. Admiro a história de vida do Lula. Até já escrevi a respeito em 08/01/2010 sob o título: "Vim, vi, venci". Mas, hoje, confesso a você que não sou nem Dilma nem Serra. Em todo caso, quem tem convicção do seu voto deve mesmo manifestar o seu apoio. Parabéns por sua consciência política. Um grande abraço, bom dia :)

Ivana Lima Regis disse...

Oi, Nilton! Excelente texto. Pega um viés muito bom pra discutir: "ódio de classes". É isso aí... Tem que encarar de frente. Um grande abraço.