“A justiça sustenta numa das mãos a balança que pesa o direito, e na outra, a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do direito” - Rudolf Von Ihering



segunda-feira, 18 de julho de 2011

Quanto mais conheço o ser humano sinto enorme inveja dos animais

“Quanto mais conheço o ser humano sinto enorme  inveja dos animais”


A frase acima li em algum lugar da internet porém não recordo o autor. Basta tão somente algumas tecladas no “santo” Google para descobrir. No entanto entendi que não faz diferença quem a proferiu e sim que é a mais pura verdade (pelo menos no que pretendo discorrer e, talvez, acabe por encontrar algum alienado que comungue comigo desse mesmo sentimento).

Externando o mais profundo sentimento decepcionante manifestei aqui o quanto tenho dificuldade em conviver com pessoas arrogantes. Por vezes, e isso é mais que verdadeiro, tenho utilizado parte do meu tempo para tentar entender certos comportamentos. Ocorre que, em vão tenho tentado, sem sucesso até o momento.

Por instantes esqueci-me de que estou buscando obter certificado de bacharel em Direito e não em psicologia. Posteriormente não descarto a possibilidade de enveredar para a psicologia. Até que isso se concretize, resolvi afastar a ideia de busca explicação para certos comportamentos dos meus pares (e meu também, considerando que as minha falhar vou abster-me em relatá-las).

Indo ao que interessa, apontei aqui nesse espaço as formas de embrutecimento que considero as que mais risco oferece aos acadêmicos de direito. De passagem aos fóruns da vida tive o imenso prazer em encontrar um advogado que num passado-presente estudou na mesma faculdade que estudo.

Sempre que as oportunidades me dão uma chance, não tenho por hábito desperdiçá-las. E nessa não foi diferente.

Aguardava (para variar) na fila do banco quando o referido advogado me indagou sobre o campeonato brasileiro de futebol (ele, por sinal, torcedor de um time que... deixa pra lá).

Daí outros assuntos surgiram e, eu, afoito, logo na primeira oportunidade (considerando que nos primeiros cinco minutos não consegui proferir uma só palavra) perguntei sobre a preparação que ele fez objetivando o Exame de Ordem – mais conhecido como prova da OAB –, prova essa que julgo ser indispensável.     

Válida as dicas que o ilustre me passou. Algo lamentável ocorreu em determina momento da conversa. Lembrei-me de um professor que muitos colegas simplesmente o rejeitava. Motivo: os mais variados. O acusavam de ser (como diria meu avô) “topetudo”.

Entretanto seja dita a verdade: o ilustre professor sabia (e sabe) muito. Por ser pessoa extremamente esforçada colou grau no ano de 2003. Detalhe: Disse-nos certa vez que, chegava em casa em torno das 00:30 h, depois de um cansativo dia de trabalho enfrentava horas de aula noturna e, após estar em casa, ainda tinha disposição para rever toda matéria dada em sala.

Disse mais: que essa revisão ia até por volta das 02:30 h. Formou-se com sucesso. Advogou por três anos e partiu para os concursos públicos. Focado na magistratura, não hesitou em se inscrever no primeiro certame que o destino o reservou.

Levantamento apontou que se inscreveram mais de sessenta mil candidatos às trezentas vagas oferecidas no Estado de São Paulo naquela oportunidade. Ele, o professor, foi selecionado entre os primeiros mil que passaram para a fase seguinte. Por questão milimétrica não foi possível continuar na disputa por uma das vagas.

Retornando ao ponto onde estava a falar de minha conversa com o ilustre advogado (lembram...?), disse a ele que havia tido o privilégio de ser ex-aluno do referido professor e perguntei se ele o conhecia. Ao passo que ele respondeu que não e pediu para que falasse um pouco sobre o referido professor.

Quando coloquei a falar e disse que, além de professor, ele é cuncurseiro nato, o advogado questionou qual teria sido o concurso mais importante que o professor concorreu. Respondendo disse ter sido a segunda fase da magistratura de São Paulo.     

Foi então que a agradável conversa deixou de ser proveitosa. Motivo: manifestou, no advogado, o espírito do embrutecimento. Ou, para quem não sabe, são os sintomas que me dispus apontar aqui. Em poucas palavras o causídico disse que se o professor fosse realmente bom ele estaria há tempos na magistratura.

Conhecido como “Guru dos Concursos” o juiz federal William Douglas, em seu livro “como passar em provas e concursos”, disse que aprendeu a conviver com as constantes reprovações que foram algo em torno de cinquenta.

Por outro lado, Luis Flávio Gomes disse ter participado somente de quatro concursos em sua vida e obteve boas colocações (ler mais aqui).

Por haver obtido êxito no Exame de Ordem e, consequentemente ingressar no quadro de advogados da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o ilustre causídico provavelmente esqueceu-se de que manter a humildade intelectual é fundamental para o sucesso na brilhante carreira que o aguarda.

Não me parece certa a posição que o recém advogado adotou. Porém, o mínimo que poderia fazer, foi o que fiz. Ouvir, pelo menos. Muito embora já houvesse sido vacinado várias vezes contra o vírus do embrutecimento (coisa que ainda será, infelizmente, objeto de estudo por muito tempo!).  

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