Tudo caminhava para ser mais um dia das mães como nos anos anteriores. O filho, desde a infância, sempre foi uma criança exemplar. Anos se passaram, veio a adolescência. Orgulho dos pais. Seu nome, Eduardo Pinheiro dos Santos. Sua profissão, motoboy. Assim era o filho de dn Maria Aparecida Menezes. Até aquele sábado, quando aquele filho exemplar saiu de sua residência, para trabalhar, pensando em retornar à sua família. Mas, esse pensamento não chegou ser concretizado!
Sabe por quê? Não? Explico: “ele era negro” e, assim, alvo predileto dos psicopatas fardados que levavam pânico à população naquela fatídica tarde. Sonhava em poder transmitir os princípios e valores adquiridos pela insigne família. E mais: deixar exemplo de bom filho para gerações futuras. Só que, alguns alucinados não permitiram que isso acontecesse e, tudo aquilo que sonhava, foi brutalmente interrompido! Sabe qual o motivo? Não? Eu sei. Ele era negro, assim com eu.
Sabe o que vai acontecer com essa típica legião de mentecaptos que causaram a morte desse negro? Talvez uns quinze dias de reclusão. Mais nada. Ele era mais um em meio a tantos outro, que tiveram o mesmo destino. Morador de periferia. Também fui morador de periferia, sei muito bem como funciona a força coercitiva do Estado. Falei difícil? Vou explicar: força coercitiva do Estado na periferia significa “cassetete.” Isso é o vigor da lei, lá. Entendeu, agora. Pobre de nós!
Quem também pode nos dar um exemplo desse poder de coerção que o Estado exerce sobre os cidadãos são os professores. Lutaram (e lutam!), assim como os moradores de periferia, pelos seus direitos. Receberam uma rápida resposta do poder público, “cassetete.” Viram as imagens lamentáveis em que muitos estavam sendo espancados? Aquilo não era filme, era e continua sendo a mais pura realidade da mais rica metrópole e suas várias contradições.
É cediço que a maior parte dos excluídos sociais encontra-se nas periferias. Abolição social, venha sobre nós!
Os desvios de conduta estão presentes em vários órgãos da sociedade, posso dar um entre vários exemplos: o palácio dos bandeirantes, de onde deveria vir o maior exemplo. Notem bem que o verbo dever está no passado.
Pagamos pela nossa segurança (o que não acontece!) e outras tantas obrigações que exercemos em razão de sermos cidadãos… E os direitos? ah! Isso é outro assunto…, que, na maioria das vezes, não bate na porta daqueles que moram nas periferias. Olha, pode ter certeza, eu sei do que estou falando. Pois, além de negro, já morei em um dos bairros mais violentos de São Paulo.
Como eu estava falando, os direitos, o Estado vem de forma desumana tolher-nos através dos insanos que são colocados nas ruas, para matar, de preferência, negros moradores de periferia. Lamentável.
Li outro dia em um site que o Estado “só tem o poder de gerar injustiças, ao custo de roubar ( é isso mesmo, roubar, mediante violência e grave ameaça!) os que trabalham.” Estou certo disso. Dizem que a polícia do Estado de São Paulo é uma das mais eficientes do país – para matar negros -, isso é certo. Confesso que não vejo dessa maneira. Para ser mais preciso, vou inverter esse pensamento e dar minha opinião: digo com toda propriedade que é uma das piores do Brasil. Não seria exagero se dissesse do mundo!
Agora, o Estado vem tentar se desculpar por meio de carta. Isso não é capaz de trazê-lo novamente aos braços dessa mãe. Lá se foi à vida de um “negro” trabalhador, sem antecedentes criminais. Antecedentes, não tinha. Mas, mesmo se tivesse, não justificaria o ato de selvageria que só se compara aos animais. Aqui merece uma “ressalva”: Peço desculpas aos animais, pois não foi minha intenção ofendê-los!
Assim era Eduardo, filho de dn Maria que, dolosamente, o Estado pôs fim à sua vida através da típica legião de mentecaptos fardados.
Peço para o Altíssimo que dê força e “bons olhos” à senhora, para olhar para essa que um dia – foi – comparada, ainda que bem distante com a polícia militar.
Parafraseando O Senhor Jesus Cristo, digo: “Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?” Mateus 23:33 (Grifei)
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