Em uma breve temporada na casa de meus tios, quando era ainda garoto, na zona rural de certa cidade do interior paulista, recordo-me vagamente de haver visto os trabalhadores preparando o solo para receber as mudas daquilo que é indispensável em muitas mesas, ou seja, o café. Na ocasião, para que pudesse ser plantado era necessário um árduo procedimento para arar a terra. Isso ficava por conta de dois ou três homens, para manobrar as máquinas essências – “tratores.”
Passado esse processo, que poderia se estender por vários meses, começava a fase do plantio. Nessa fase, diferentemente do tombamento da terra, onde utilizava-se de dois ou três homens, exigia-se, para o bom andamento do trabalho, do maior número possível de pessoas. No entanto, como a fazenda, na ocasião, era considerada de pequeno porte, não dispunha de mão de obra suficiente e, assim, buscava-se na cidade mais próxima.
O que me impressionou, no azo, era a maneira com que aqueles trabalhadores plantavam as mudas de café. Expostos ao sol escaldante, cantavam quase que o dia todo para, ao final , retornarem às suas residências com uma quantia inexpressiva em dinheiro. Quando eu questionava meu tio sobre a quantia recebida pelos trabalhadores, uma vez que titio era funcionário e recebia salário mensal, ele dizia que os trabalhadores faziam por amor ao ofício, ou seja, amavam plantar.
Confesso que demorou longos anos para que eu entendesse que amor é esse que motiva algumas pessoas a agirem assim.
Fruto da minha mente inquieta pus-me a fazer um simples comparativo e espero poder conseguir fazer com que o amigo leitor acompanhe essa linha de raciocínio. Lá, no caso supra mencionado eles amavam plantar e a quantia recebida era quase que indiferente. Já aqui, a quantia fala mais alto e quanto mais, melhor. É deprimente.
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